À luz de recentes casos na comunidade global das artes marciais e especificamente no jiu-jitsu, redobramos nossas discussões internas sobre a segurança na Gracie Barra. Se você perdeu o blog do mês passado sobre como treinar com segurança no jiu-jitsu, também recomendamos a leitura.
A questão da segurança tem várias perspectivas e pode ser mais bem compreendida com uma análise proativa e identificação dos riscos envolvidos. Por isso, devemos nos unir em um esforço coordenado para aumentar nosso conhecimento sobre os riscos e como mitigá-los. De um modo geral, podemos falar de segurança física e emocional. Estamos propondo um debate entre os membros da Gracie Barra para entender melhor as questões que envolvem um treinamento seguro e a sensação de segurança, que são coisas distintas.
O conceito de treinamento seguro é mais fácil de entender e foi abordado no blog do mês passado. De forma bem resumida, trata-se de colocar em prática medidas para evitar lesões em nossas aulas. Por outro lado, sentir-se segura ou seguro tem mais a ver com as interações que temos com as pessoas no ambiente da GB. Em outras palavras, ninguém prevê ou deseja ser lesado, seja física ou mentalmente. Sentir-se em segurança depende da cultura do ambiente de treino.
Se você é um instrutor ou instrutora certificado da Gracie Barra, já fez nosso curso completo sobre ética, onde falamos sobre comportamentos, o código de conduta e a resolução de conflitos sob essa perspectiva. Aquela foi uma das etapas em que investimos como parte desse importante debate. Não somos especialistas na área, mas seguimos evoluindo e compartilhando o que aprendemos pelo caminho.
Outro movimento que estamos fazendo é mergulhar no tema da inclusão. Acreditamos que também é preciso entender como podemos ser ainda mais inclusivos em nossas práticas de segurança. Atualmente, estamos investindo em pesquisas e análise de dados para encontrar maneiras de atender melhor às necessidades de diferentes grupos de alunos.
Para citarmos alguns exemplos: na questão da segurança física, precisamos compreender as preocupações das pessoas com necessidades especiais e mobilidade limitada, identificando as medidas necessárias para garantir a segurança de todos. No campo emocional, precisamos garantir que alunos e alunas que ingressam em nossas escolas, com diferentes necessidades de aprendizagem, históricos de vida e experiências passadas, sintam-se acolhidos e seguros para explorar e evoluir no jiu-jitsu, contando sempre com o apoio de instrutores e colegas.
Compreender o papel que a cultura desempenha em nossas escolas e como os alunos se sentem nesse ambiente é vital para oferecermos um aprendizado seguro e saudável. Um exemplo disso é o aumento da presença feminina nos tatames. Quando as escolas promovem uma cultura acolhedora e segura para as mulheres, a população de alunas cresce naturalmente. Isso também abre espaço para o tópico dos relacionamentos dentro da escola, e como as pessoas se comunicam umas com as outras usando linguagem respeitosa e respeitando os limites pessoais das pessoas.
Faça a si mesmo(a) esta pergunta. O que segurança significa para você? O que comportamento ético significa para você? Como garantir que eu aja com integridade o tempo todo?
A Gracie Barra é a maior organização de jiu-jitsu do mundo e já estamos em nosso 37º ano de operação. No entanto, no tema da ética, ainda damos os primeiros passos. Iniciamos essa jornada e seguimos evoluindo, cientes de que temos muito a aprender.
BMas como uma das principais organizações de jiu-jitsu, temos o dever e a responsabilidade de levantar este tópico para que todos possamos debater e aprender juntos. Não temos todas as respostas, mas um interesse genuíno e a disposição para nos aprofundarmos no tema.
E por mais que a tomada de decisões éticas e seguras possa parecer um assunto complicado de se tocar em alguns momentos, sabemos que precisamos fazer isso. Nós do jiu-jitsu e das artes marciais devemos aprofundar nossa consciência sobre o tema e as preocupações que o envolvem.
Queremos que nossa comunidade em todo o mundo saiba que estamos dando os próximos passos neste campo. Que falaremos sobre o assunto e que esperamos contar com a participação de todos. Por fim, conforme avançamos, idealmente lado a lado com parceiros e parceiras que responderam a este importante chamado, devemos sempre considerar a questão:
Quais seriam as consequências de não fazermos nada?
Blog escrito originalmente em inglês por Dawn Korsen, faixa-marrom da Gracie Barra
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