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Fundamentos do Jiu-Jitsu - Estratégias para alunos de menor estatura

Você é um dos menores alunos da sua escola GB em tamanho e peso? Ser uma das pessoas mais leves da turma traz alguns desafios.


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Se olharmos para um grupo de pessoas que praticam Jiu-Jitsu, há grande variedade de tipos corporais, com diferentes pesos e tamanhos. Como muitos já devem ter notado, a experiência de rolar é bem diferente para um aluno mais leve, que não pode contar com seus atributos físicos, como tamanho ou grande força muscular. Talvez seja mais difícil para os mais pesados entenderem essa realidade.

Claro, o Jiu-Jitsu é conhecido por sua capacidade de fazer com que uma pessoa menor e mais leve vença um oponente maior, mas não é tão simples assim. Todo praticante mais leve talvez já tenha tido a oportunidade de provar, na prática, que às vezes o peso e o tamanho importam!

Mas temos boas notícias para nossos alunos de Jiu-Jitsu com menor estatura e peso: no blog desta semana, trazemos alguns conselhos úteis para vocês sobre como criar um jogo de Jiu-Jitsu eficaz, incluindo dicas de estratégia de um professor da GB que adaptou com sucesso as técnicas de Jiu-Jitsu ao seu jogo e atributos físicos. O Professor Ricardo Arita aprendeu a usar o Jiu-Jitsu para se defender e lidar com adversários muito mais pesados que ele.


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Como sabemos, o Jiu-Jitsu é uma arte marcial que evoluiu a partir de suas origens japonesas para permitir que pessoas menores e mais fracas fisicamente pudessem se defender e superar oponentes maiores e mais fortes.

Nossos parceiros de treino de menor estatura conhecem muito bem os desafios de rolar com alguém mais pesado e mais forte. Ficar por baixo de alguém muito maior no cem quilos? Sabemos que não é fácil!

Mas, felizmente, existem soluções que podem ser testadas e comprovadas nos tatames. A natureza do rola nos treinos de Jiu-Jitsu expõe a verdade: ou uma técnica funciona, ou não. Pode parecer uma experiência constrangedora ser finalizado repetidas vezes por um parceiro de treino muito menor, mas essa situação também ajuda a mostrar o poder das nossas técnicas.





O Jiu-Jitsu pode ser a melhor arte marcial para que pessoas de menor peso, estatura e força se defendam e derrotem oponentes maiores. Desde os primeiros anos do Jiu-Jitsu no Brasil, os Grandes Mestres Carlos Gracie Sr. e Hélio Gracie eram famosos por, apesar da estatura menor, serem capazes de derrotar adversários maiores e mais fortes usando a técnica.


Entrevista com o Professor Ricardo Arita

Com uma estatura menor e composição física mais leve, Ricardo passaria despercebido trabalhando em um escritório ou outro ambiente qualquer, sem que soubessem que ele é um professor altamente técnico e qualificado da Gracie Barra, além de competidor da IBJJF.



Olhando a foto da turma, vemos que o Professor Ricardo é um dos menores homens entre os frequentadores da sua escola GB. Mas ele passou anos desenvolvendo seu Jiu-Jitsu para torná-lo cada vez mais eficaz contra adversários maiores.

Ricardo nos conta que tem 1,67 cm de altura e 74 kg, o que o coloca no grupo dos mais leves entre a maioria dos praticantes masculinos adultos de Jiu-Jitsu. Por isso, ele tem bastante propriedade para falar sobre os problemas específicos que um aluno mais leve pode enfrentar.



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PROFESSOR ARITA AT THE FAR LEFT


Os desafios dos alunos menores e mais leves no Jiu-Jitsu

Lendo esta entrevista, os alunos de menor peso e estatura da Gracie Barra devem reconhecer alguns dos problemas ao rolar com adversários maiores. Mas lembrem-se: vocês não estão sozinhos.

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Perguntamos ao Professor Ricardo se muitos de seus alunos menores e mais leves alegam ter dificuldades ao rolar com parceiros maiores.


“Aqui, tenho MUITOS alunos de menor peso e estatura. Antigamente, eles sempre falavam sobre lutar contra parceiros de treino maiores”, conta o Professor.


Enfrentando essa mesma situação no Jiu-Jitsu, o próprio Ricardo foi forçado a buscar maneiras de evitar ser amassado por seus parceiros de treino, normalmente maiores que ele. “Desde que recebi a faixa marrom, comecei a trabalhar nesse jogo, aprender a manter distância e a usar minhas habilidades para contornar o problema.”




Quais os desafios mais comuns enfrentados por alunos menores e mais leves no Jiu-Jitsu?

“Fazer a guarda e as quedas”, responde ele de forma simples. No rola, um aluno mais leve muitas vezes será forçado a lutar de costas para o chão, pois é muito difícil derrubar um adversário consideravelmente maior.

Entrando em detalhes, perguntamos ao Professor Ricardo quais posições específicas têm sido mais eficazes em sua experiência enfrentando adversários maiores e mais fortes.

Para ele, estando por baixo, o collar drag e a guarda borboleta têm sido as técnicas mais eficazes nesses casos.

Já nas posições por cima, ele destaca a passagem de guarda toreando e a pegada das costas, onde o lutador menor pode anular a vantagem de tamanho do seu oponente.

“São as técnicas e posições que mais gosto de usar”, completa o Professor.



Posições que os alunos de Jiu-Jitsu de menor estatura devem evitar

Prosseguindo em nossa conversa, fizemos a pergunta no sentido oposto: quais posições ou técnicas ainda não se mostraram tão eficazes contra adversários maiores para o Professor Ricardo?

Ao responder, ele nos deu algumas dicas sobre por que certas técnicas funcionam bem para lutadores menores, enquanto outros movimentos básicos do Jiu-Jitsu não são tão eficientes para esse grupo.

“Normalmente, posições e técnicas que exigem força e posição mais próxima ao adversário não funcionam tão bem”, diz o Professor.

“As chaves kimura e americana são exemplos de técnicas em que você precisa estar bem próximo ao adversário.”

Mas por que a proximidade de um oponente maior torna essas técnicas menos vantajosas? A razão é que, ao se aproximar do adversário, seu corpo se conecta ao dele. Assim, se o oponente maior e mais pesado rola ou se move repentinamente, o seu equilíbrio pode ser comprometido. Se você estiver bem conectado a ele, pode acabar rolando junto e ficando por baixo.

Pelo mesmo motivo, muitos alunos mais leves têm problemas para se manter em uma posição montada contra um adversário maior. Eles percebem que, muitas vezes, tomam uma invertida quando o oponente faz a ponte e rola. Muitos lutadores habilidosos e mais leves tendem a preferir a posição por cima com o joelho na barriga, pois conseguem fazer a transição de forma mais eficaz. Por não estarem tão próximos do oponente, acabam menos suscetíveis às invertidas.


Construindo um bom jogo de Jiu-Jitsu para atletas menores e mais leves

Perguntamos ao Professor Ricardo sobre os pontos mais importantes que um aluno ou aluna de Jiu-Jitsu deve levar em conta ao desenvolver o seu jogo para ser eficaz contra adversários maiores.

“O primeiro passo para enfrentar um parceiro maior é manter a distância. Quando ele está passando a guarda, sempre terá o peso, a gravidade e a força a seu favor. Então, uma boa distância nos ajuda a lidar com isso.”


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Em outras palavras, podemos dizer que essa estratégia de manter uma distância prudente segue a linha do velho ditado: “é melhor prevenir do que remediar”. Evitar que o oponente se aproxime e use da sua vantagem física é melhor do que ter que lutar contra o peso dele sob o seu corpo. Evite ficar preso, pois a fuga tende a ser bem mais difícil nesses casos.

O Professor Ricardo relembra como adaptou seu próprio jogo de Jiu-Jitsu para lidar com adversários maiores: “Com o tempo, aprendi que o melhor a fazer era o que me deixava mais à vontade: faço a guarda e parto para a raspagem. Para desenvolver minha confiança nessa posição, segui me aprofundando na guarda borboleta, suas possíveis variações e as transições para a guarda-X.”





Posições e técnicas mais eficazes para pessoas mais leves

Da próxima vez que estiver sentado à beira do tatame assistindo ao sparring na sua escola GB, preste atenção nos alunos mais leves e de nível avançado. Ao invés de apenas apreciar a luta, observe quais posições o atleta menor usa no rola e, igualmente importante, quais ele evita.

Os lutadores de Jiu-Jitsu mais leves e graduados (especialmente as mulheres) tendem a ter sucesso contra oponentes maiores aplicando um número mais restrito de posições.

A chave de braço reta, por exemplo, parece ser o melhor ataque de finalização para mulheres menores que estão fazendo a guarda. Ao observar esses pequenos e pequenas gigantes do tatame, podemos notar alguns padrões nas técnicas e posições preferidas contra parceiros de treino maiores e mais pesados

Confira abaixo algumas táticas que costumam ser eficazes para alunos de menor tamanho no Jiu-Jitsu:

1- Desenvolver uma excelente guarda. Os melhores lutadores de Jiu-Jitsu de estatura menor costumam ser muito bons nas guardas borboleta, aranha e laço.

O aluno mais leve provavelmente será forçado a desenvolver uma guarda defensiva eficiente por necessidade. Ao passarem a maior parte do tempo nos rolas por baixo, eles se tornam muito habilidosos na retenção da guarda, controlando os movimentos do adversário com ganchos e sabendo enquadrar e manter uma boa distância para evitar sofrer com o peso do oponente. Desenvolver um bom ataque de omoplata ou chave de braço reta também ajuda a abalar a confiança do adversário que está dentro da sua guarda.

Quando pensamos nas finalizações de maior sucesso para atletas contra adversários maiores, a mais comum é o armlock reto da guarda. Já para fazer a raspagem e controlar o oponente, um bom recurso é a omoplata, permitindo ao lutador mais leve utilizar a força das suas pernas e quadril contra o ombro do adversário.

A estratégia de guarda do Professor Ricardo: “Eu procuro deixar o adversário sempre desconfortável e preocupado em se defender. Assim, ele se cansa mais rápido e começa a errar. Isso facilita o trabalho de lidar com um tamanho e peso maiores que o meu.”

Desenvolver pegadas e ganchos fortes também torna a sua guarda muito difícil de ser passada. Com isso, o oponente tende a ficar mais cansado e propenso a erros, expondo-se a raspagens e ataques de finalização.

2- O jogo com a chave de perna. A grande saída para muitos atletas de Jiu-Jitsu de menor tamanho está nos ataques de perna. Posições de guarda entrelaçando as pernas, como a meia guarda X e a guarda 50-50, dão maior controle ao lutador sobre os movimentos de um oponente mais pesado. As chaves de perna, como a chave de pé reta e o mata-leão de pé permitem finalizar oponentes maiores usando toda a força do seu corpo contra articulações relativamente mais fracas, como o tornozelo e joelho do adversário.

Os fãs das competições de Jiu-Jitsu devem se lembrar de inúmeras reviravoltas nas categorias Open ou Absoluto, onde um lutador menor finalizou com uma chave de calcanhar ou mata-leão de pé.

3- A posição mais dominante no Jiu-Jitsu. Pegar as costas do adversário também é uma arma forte para o jogo dos lutadores de menor estatura. Ao apostar em sua vantagem de velocidade, o lutador pode usar um arm-drag ou a pegada 2 contra 1 para desviar da defesa de braços do oponente e alcançar suas costas.

A pegada das costas é considerada a principal posição no solo por vários motivos. Nesse cenário, todas as opções ofensivas do seu oponente ficam viradas para longe de você. Além disso, o adversário não consegue ver o seu ataque. O controle das costas pode ser a posição mais segura para os lutadores mais leves em uma luta. Também vale mencionar que o maior número de finalizações nas competições entre faixas-pretas costuma vir de estrangulamentos pelas costas, seja nas lutas com ou sem kimono.


As três melhores dicas para alunos de menor estatura no Jiu-Jitsu

O Professor Ricardo compartilha suas três principais dicas para que os alunos menores da Gracie Barra possam enfrentar a pressão exercida por parceiros maiores durante o treino:

1) Trabalhe com a distância e mantenha o peso do oponente longe de você. “Para lidar com a pressão de um adversário mais pesado, o primeiro passo é não deixar que ele se aproxime de você, nem que se afaste muito, a menos que essa seja a sua intenção”, diz o Professor Ricardo. A guarda sentada com pegada forte na gola do oponente é um ótimo exemplo desse princípio sendo colocado em prática.

2) Use sua capacidade de mover o quadril quando estiver por baixo. “O segundo passo é não manter as costas retas contra o tatame”. Quando estamos de lado, nossa capacidade de mover o quadril (e evitar que o oponente consiga projetar o peso sobre nós) é muito maior. Lutadores de Jiu-Jitsu mais leves também desfrutam de uma vantagem de velocidade contra oponentes maiores e, geralmente, mais lentos.

3) Utilize armadilhas, combinações e tente levar o adversário ao erro para obter uma vantagem inicial. “Busque confundir o oponente, sempre mantendo posições desconfortáveis ou possíveis ataques a seu favor”, explica o Professor Ricardo. Tente obter uma vantagem inicial, por exemplo, expondo as costas do oponente com um arm-drag da guarda borboleta e deixando-o desconfortável e incapaz de atacar.

Agora, queremos ouvir vocês, alunos e alunas de menor estatura da GB:

Com qual desses desafios você mais se identificou? O que funciona melhor no seu jogo? Deixe suas respostas nos comentários!





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